Os Caminhos de Santiago que conduzem a Santiago de Compostela, em Espanha, cruzam Portugal de norte a sul, calcorreados por peregrinos ao longo de séculos. A tradição da peregrinação remonta à Idade Média e tem como destino a deslumbrante Catedral de Santiago de Compostela, onde se encontra o túmulo do Apóstolo Santiago que evangelizou a Península Ibérica quando esta era ainda parte integrante do Império Romano.
Este roteiro segue os trilhos do Caminho de Santiago, desvendando uma verdadeira jóia: o Caminho Português Interior de Santiago. Este caminho profundamente fascinante tem uma extensão de 214 km, atravessando 8 municípios: Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves. O Caminho Português Interior de Santiago foi recentemente certificado pelo Governo português, num reconhecimento do papel fulcral do Caminho de Santiago no património nacional cultural e histórico. Este caminho une Viseu a Chaves, cruzando a fronteira galega, rumo a Chaves, onde conflui no caminho sanabrés ou de Ourense, em direcção a Santiago de Compostela. Esta é uma jornada de auto-descoberta ao longo das paisagens naturais mais intocadas.
Com início na encantadora e nobre cidade de Viseu, considerada "o ponto de partida natural" desta jornada, o Caminho Português Interior de Santiago atravessa a mágica Serra do Montemuro, habitada por pessoas generosas e por uma natureza avassaladora, rumo a Lamego, no coração do Vale do Douro.O Caminho Português Interior de Santiago é, sem sombra de dúvida, o melhor segredo guardado. Uma oportunidade única na vida de descobrir aldeias mágicas, montanhas de cortar a respiração, locais de silêncio e de introspecção, onde se irá cruzar com as pessoas mais fascinantes e com as suas histórias únicas. Tendo uma natureza deslumbrante como pano de fundo que nos faz sentir verdadeiramente abençoados. E gratos.
Ocupada desde a época castreja, a história de Viseu está intimamente relacionada com a História de Portugal. Se a mítica figura de Viriato, o guerreiro que liderou as tribos lusitanas contra os romanos, deu à antiga cividade um papel de importância vital durante a romanização, também D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, estabeleceu uma estreita ligação entre com os primeiros anos da fundação da nacionalidade e esta nobre cidade. Viseu é o ponto de partida natural do Caminho Português Interior de Santiago, cuja Sé Catedral dista 387 km da Catedral de Santiago.
A Cava de Viriato, detentora do nome do icónico guerreiro Lusitano, é o maior enigma da arqueologia portuguesa. Um octógono perfeito, quando vista de cima. Como apareceu esta fortaleza gigantesca em Viseu? Uma questão que permanece sem resposta. Este Monumento Nacional foi destaque do documentário da National Geographic: "A Europa vista de cima".
A Serra do Montemuro é a 8ª cadeia montanhosa mais elevada em Portugal. O geógrafo português, Amorim Girão, descrevia-a como "a montanha mais desconhecida de Portugal". Detentora de uma enorme biodiversidade, a Serra do Montemuro possui uma altitude média de 838 metros. A diversidade geográfica da região deriva da sua morfologia que apresenta dois tipos de paisagens distintos: a paisagem montanhosa, árida e escassa em vegetação, que tradicionalmente gerava valores agro-pastorícios de subsistência e uma paisagem ribeirinha, marginal aos vales do Douro e seus afluentes, rica em águas que descem dos cumes graníticos do Montemuro, pintando a paisagem de verde.
A encantadora aldeia de Moura Morta está situada na encosta oriental da montanha de Montemuro. É uma das aldeias mais bem preservadas com as suas casas de granito de traça tradicional.
Detentoras de uma belíssima localização na Serra do Montemuro, as aldeias bucólicas de Campo Benfeito e Mezio são verdadeiras jóias preciosas na região de Castro Daire. Locais mágicos no coração da Mãe Natureza, onde ainda é possível escutar o inspirador som do silêncio.
Na Serra do Montemuro, o conhecimento da Mãe Natureza é tão ancestral como as paisagens naturais envolventes. Os habitantes das acolhedoras aldeias sabem de cor qual a melhor altura para plantar e para colher. Os alimentos revestem-se de um significado quase sagrado, pelo que cada produto deve ser consumido no seu devido tempo. Este é o segredo de sabores absolutamente ímpares: o respeito pelo ritmo da Natureza.
Este roteiro segue o Caminho Português Central de Santiago que começa em Lisboa, atravessando Tomar, Coimbra, Águeda e Albergaria-a-Velha. Esta é viagem ao longo das paisagens mais incríveis. Mas, acima de tudo, é uma viagem de auto-descoberta.
O Caminho Português Central de Santiago com início na Catedral de Lisboa foi desde sempre um dos caminhos de eleição, apenas superado, em número de peregrinos, pelo Caminho Francês de Santiago.
Este caminho segue as margens do Rio Tejo através de Tomar, o antigo baluarte da Ordem Templária em Portugal. De Tomar prossegue até Coimbra, passando por Alvaiázere, Ansião e Rabaçal. Em Coimbra, é obrigatório visitar o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, albergando o túmulo da Rainha Dona Isabel (séc. XIV) que também fez o Caminho de Santiago. A Rainha Santa foi sepultada com os símbolos da vieira, da cruz de Santiago e do bordão. Rumando a norte, o caminho segue para a Mealhada, Águeda, Albergaria-a-Velha, São João da Madeira e Grijó, antes de entrar no Porto, onde começa o Caminho do Norte.
Imagine uma ponte e um rio tranquilo a correr sob essa ponte. Imagine uma cidade encantadora, como se tivesse sido pintada pelas mãos sábias de Cézanne. Imagine um convento magnífico com 8 claustros. Imagine um local onde ainda se sente de forma bem evidente o legado dos Templários.
Não, não é o enredo do Código Da Vinci da autoria de Dan Brown. Estamos em Tomar, uma jóia preciosa de Portugal que, a cada 4 anos, desponta, orgulhosamente, em flores, para que todo o mundo veja, durante a famosa Festa dos Tabuleiros. Toda a cidade se empenha profundamente neste evento, levando a expressão “espírito de equipa” a um todo um novo nível! Mas vale a pena a paixão. A arte imita mesmo a vida.
A ancestral estrada que ligava Tomar (Sellium) a Coimbra (Aeminium) foi posteriormente usada pelos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela. O Complexo Monumental de Santiago da Guarda, no concelho de Ansião, é um local imperdível, assim como um testemunho notável da arquitectura manuelina.
À medida que prosseguimos a nossa jornada de auto-descoberta e de clarividência, partindo da acolhedora aldeia de Alvorge, com as suas casinhas brancas e a sua população hospitaleira, rumamos ao Rabaçal - Penela, onde a presença romana pode ainda ser sentida de forma tão evidente.
A estrada que ligava Tomar a Conímbriga passava muito perto do Rabaçal, como comprova a descoberta de um marco da era do Imperador Décio. Assinalava oito milhas a partir de Conímbriga.
Há muitos séculos, o proprietário das Villas Romanas do Rabaçal conseguia ver estas montanhas, ao observar a partir da torre, perante o sol nascente. Era, certamente, abastado e deste ponto, podia ver as suas propriedades.
Conímbriga é uma verdadeira jóia do mundo romano. Um local imperdível na nossa jornada rumo a Santiago. O testemunho vivo do poder fascinante da História e das influências que perduram no património cultural nacional.
Habitada desde o Neolítico, Conímbriga era um castelo quando os romanos aqui chegaram em 138 a.C. e tomaram conta do Oppidum. No tempo do Imperador Augusto, o Fórum e os banhos foram os primeiros edifícios a serem construídos. A água veio de um lugar conhecido hoje como Mãe-de-Água de Alcabideque e através de um aqueduto que ainda hoje é visível. A cidade foi amuralhada, foi construída uma basílica e também inúmeros lugares de culto. A cabeça de Augusto e os seus pés em sandálias de correias, encontrados perto do templo, são a prova disso.
Nunca percebemos por que motivo o célebre fado da cidade diz que Coimbra tem mais encanto na hora da despedida. É exactamente o oposto. Enquanto nos aproximamos desta cidade encantadora debruçada sobre o Mondego, é possível sentir a História em todo o seu esplendor indizível. E imensos estudantes vestidos à Harry Potter. Mas essa é parte da mística de Coimbra, uma das cidades universitárias mais antigas no Velho Continente.
Enquanto estiver em Coimbra, deve visitar o Convento de Santa Clara-a-Nova, onde se encontra o túmulo da Santa Rainha, Isabel de Aragão, a Santa Padroeira de Coimbra. O túmulo foi esculpido em 1330 pelo Mestre Pêro num único bloco de pedra calcária. A representação de Santiago de Compostela, que pode ser encontrada num dos nichos, assim como o bastão do peregrino e a bolsa de esmolas, esculpida na estátua deitada, testemunham o seu papel de Peregrina de Santiago de Compostela.
Todos os caminhos vão dar à colorida cidade de Águeda, situada a apenas meia hora de Aveiro. Graças ao Umbrella Sky Project, criado pelo Agit'Águeda, os guarda-chuvas vibrantes de Águeda viajaram pelo mundo, convertendo-se num verdadeiro postal desta cidade acolhedora !
Com vestígios de ocupação humana que remontam a 5000 a.C., Albergaria-a-Velha foi fundada por Dona Teresa, mãe do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. É um destino para os amantes do turismo de natureza, oferendo o maior número de moinhos de água classificados na Europa, assim como um património natural profundamente rico.