A «Universidade de Coimbra – Alta e Sofia» está inscrita na lista dos Bens Património Mundial da UNESCO desde junho de 2013, após decisão unânime do Comité do Património Mundial, reunido em Phnom Penh, Camboja.
Este Bem inclui 31 edifícios de grande relevância, numa área de 81,5 ha. Salientam-se 4 grupos identitários: o grupo dos colégios da Rua da Sofia, o grupo dos colégios da Alta, o grupo de edifícios resultante da reforma pombalina e, finalmente, o grupo edificado durante o período do Estado Novo.
A Universidade de Coimbra, a Alta e a Sofia foram classificadas Património da Humanidade pela UNESCO. Nas palavras do Reitor da prestigiada Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva:"a decisão da UNESCO sublinha o valor universal da cultura e da língua portuguesas, assim como o papel determinante de Portugal na formação do mundo, como o conhecemos." Coimbra torna-se, assim, o 15º local em Portugal, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO.
Situada numa colina com vista para a cidade, a Universidade de Coimbra, com suas faculdades cresceu e evoluiu ao longo de mais de sete séculos dentro da cidade velha. Edifícios universitários notáveis incluem a catedral de Santa Cruz do século XII e um número de faculdades do século XVI, o Paço Real da Alcáçova, que passou a abrigar a Universidade desde 1537, a Biblioteca Joanina, com a sua rica decoração barroca, o Jardim Botânico e a Imprensa da Universidade do século XVIII, bem como a grande "Cidade Universitária", criado na década de 1940.
Os edifícios da Universidade tornaram-se uma referência no desenvolvimento de outras instituições de ensino superior em todo o mundo da língua portuguesa, onde também exerceram uma grande influência na aprendizagem e na literatura. Coimbra oferece um excelente exemplo de uma cidade universitária integrada, com uma tipologia urbana específica, bem como as suas próprias tradições cerimoniais e culturais que foram mantidos vivas através dos tempos.
Quando num só espaço se reúnem um tesouro literário de valor incalculável e a opulência da arquitectura e das artes do início do século XVIII, o resultado é uma das mais espectaculares e originais bibliotecas barrocas europeias.
Na Biblioteca Joanina descobrem-se mundos dentro de mundos; aqui, tudo é saber, e a arte convida à descoberta. Os milhares de obras que compõem a biblioteca repousam num espaço opulento de beleza e exotismo, onde a riqueza dos tectos pintados se harmoniza com as balaustradas e estantes fabricadas com folha de ouro e madeiras dos trópicos. Aprecie a erudição das preciosidades encadernadas que aqui são resguardadas pela magnificência do barroco joanino.
Não perca a oportunidade de visitar a Sala dos Capelos, a sala principal da Universidade de Coimbra, e a Capela de São Miguel, uma pérola do estilo manuelino.
O Paço das Escolas é dominado por uma dos mais simbólicas estruturas de Coimbra, a Torre setecentista que alberga o relógio e os sinos que regulam a vida académica. A sua origem remonta a 1537 quando, prestes a alojar-se no Paço de D. João III, a Universidade insiste que “nã podia aver boa ordem sem relógio”.
A Sala Grande dos Actos é a principal sala da Universidade de Coimbra. É também conhecida por Sala dos Capelos uma vez que, ainda hoje, é utilizada nas cerimónias académicas. Quando visitar a Sala dos Capelos poderá visitar também a Sala do Exame Privado e a Sala das Armas.
A Sala das Armas fazia parte da ala real do antigo paço. Alberga a panóplia das armas (alabardas) da Guarda Real Académica, que ainda hoje são utilizadas pelos Archeiros (guardas) nas cerimónias académicas solenes (Doutoramentos solenes, “honoris causa”, Investidura do Reitor, Abertura Solene das Aulas).
O Museu Nacional Machado de Castro é um ícone da cidade de Coimbra que, após um longo período de renovação, abriu as portas de todos os seus espaços expositivos ao público.
O grande pátio, dominado pela loggia quinhentista que exerce uma grande atração sobre quem passa neste ponto da cidade, é um exemplo impressivo de sobrevivência da carga simbólica de um lugar. Ele foi centro administrativo, político e religioso na época romana, foi templo cristão, pelo menos desde o séc. XI, paço episcopal a partir da segunda metade do séc. XII, museu desde 1911. É, por isso, um dos lugares mais complexos e aliciantes da cidade.
O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra é um museu interactivo que pretende proporcionar aos visitantes de todas as idades um ambiente de entretenimento para, assim, descobrir a ciência. O Museu apresenta as colecções da Universidade de objectos científicos e de instrumentos, assim como diversas exposições interessantes e experiências hands-on. A suas exposições temporárias, as visitas guiadas, os workshops e as reuniões informais tornaram-se muito conhecidos e populares entre o público.
O novo Gabinete das Curiosidades abriu as suas portas no Colégio de Jesus. Trata-se de uma recriação realista de um gabinete de curiosidades do século XVIII, apresentando "o mundo inteiro num só local". Um lugar que vibra de exotismo num universo quase mágico.
O Jardim Botânico ocupa uma parte considerável dos fundamentos do Colégio de São Bento, que havia sido entregue à Universidade de Coimbra, passando por uma grande remodelação que data do tempo das reformas pombalinas (1774).
Em 1854, o engenheiro Pezerat apresentou seu projeto para uma estufa (que ainda existe), marcando um avanço tecnológico no uso de ferro e vidro na arquitetura em Coimbra. Este edifício foi concluído em 1865. As obras, realizadas entre 1944 e 1949, envolveu a adição de uma fonte na praça central, bancos de pedra, uma estufa fria e a renovação das vias entre as várias seções do jardim e da área arborizada.
A inauguração do edifício da secção de Matemática ocorreu a 17 de abril de 1969, data que assinala o arranque da crise académica de 1969, movimento público de contestação ao regime salazarista. Decorrendo os discursos da sessão inaugural das novas instalações.
Alberto Martins, o presidente da Associação Académica de Coimbra, foi impedido de se manifestar publicamente, ação que levaria ao encerramento antecipado da cerimónia sob uma tremenda ovação de protestos por parte dos estudantes.
Desta sala, destaca-se a tapeçaria, da autoria de Rogério Ribeiro, executada na Manufatura de Tapeçarias de Portalegre (1969). O tema é o «Progresso Técnico». Mostra uma arrojada representação cenográfica, inspirada no modelo do homem de Vitrúvio, num discurso plástico abstratizante e que provocou, à altura, alguma polémica.
O átrio de entrada foi decorado nas paredes laterais com dois frescos, um dedicado à “Matemática portuguesa ao serviço da epopeia nacional” e o outro à “Matemática desde os Caldeus e Egípcios até aos nossos dias”, da autoria de Almada Negreiros, segundo o programa iconográfico definido por José Bayolo Pacheco de Amorim.
Inicialmente previstos para abarcar uma área de 50m2, e face à dificuldade do pintor em transpor todo o programa, foram ampliados para 70m2. Foram executado por alunos da Escola Brotero, sob as ordens do já idoso pintor.
Esta praça é um dos elementos fundamentais da estrutura prevista no plano para a Cidade Universitária. Aqui se ergueu, outrora, o castelo da cidade, arrasado durante as obras promovidas pelo Marquês de Pombal, na década de 70 do século XVIII, para aí se erguer um moderno e ambicioso Observatório Astronómico.
Esta construção iniciou-se mas acabou por ser abandonada e o Observatório erguido no topo sul do Paço das Escolas. Na fachada sul do seiscentista Colégio de São Jerónimo é possível ainda observar as marcas de um arco construído para reforçar a fachada da sua igreja, gravemente afetada pelo terramoto de 1755, e que ligava ao castelo e, mais tarde, ao Observatório aí edificado.
O arco foi destruído durante as campanhas de construção da Cidade Universitária. Durante as escavações arqueológicas realizadas em 2008 – estudos de arqueologia preventiva para o projeto de parque de estacionamento subterrâneo – foi (re)encontrado o embasamento da torre de menagem do castelo, localizado sensivelmente debaixo da estátua de D. Dinis.
À imagem dos restantes edifícios erguidos na Cidade Universitária, a Faculdade de Medicina integra várias manifestações artísticas. Nos dois portais da fachada principal (sul) do edifício, virada para a Rua Larga, destacam-se os doze bustos de Euclides Vaz representando algumas das personalidades que mais contribuíram para o desenvolvimento da Medicina e da assistência médica portuguesas: D. Mendo Dias, Pedro Hispano, D. Dinis, D. Leonor, Garcia da Orta e D. João III, no da esquerda, Amado Lusitano, S. João de Deus, o Marquês de Pombal, José Correia Picanço, António Augusto da Costa Simões e António Sena, no da direita.
Os diversos portões foram igualmente ornamentados com pequenos bronzes alusivos à história da própria faculdade, executados por Vasco Pereira da Conceição, segundo o desenho original de Feliciano Augusto da Cunha Guimarães. No cunhal do lado poente ergue-se o grupo escultórico da autoria de Leopoldo de Almeida, assente em 1956, com a representação da figura alegórica da Medicina, ladeada por Hipócrates e Galeno.
Já no interior, encontra-se no átrio poente o baixo-relevo de Vasco Pereira da Conceição alusivo ao tratamento dos doentes, enquanto no nascente se pode ver o fresco de Portela Júnior dedicado à história da Medicina, e onde figuram algumas das principais personalidades de Coimbra.
A tapeçaria da Sala do Conselho é da autoria de Guilherme Camarinha (1955) e foi executada na Manufatura de Tapeçarias de Portalegre.
Integrado no edifício da Faculdade de Letras, o teatro constitui um volume construído que ocupa parcialmente o pátio interior. A sala tem capacidade aproximada de 260 lugares. Paulo Quintela foi o primeiro director do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), tendo assumido essa função durante 30 anos.
- Arquivo da Universidade: Alberto José Pessoa, 1943- Faculdade de Letras: Alberto José Pessoa , 1945- Faculdade de Medicina: Lucínio Guia da Cruz, 1951- Associação Académica de Coimbra: Alberto José Pessoa e João Abel Manta, 1954- Biblioteca Geral: Alberto José Pessoa, 1956- Departamento de Matemática: Lucínio Guia da Cruz, 1964- Departamentos de Química e Física: Lucínio Guia da Cruz, 1966
Para mais informações sobre o núcleo do Estado Novo, mas também sobre os demais edifícios relevantes incluídos na Área Património Mundial: www.uc.pt/ruas/inventory