O Ermo das Águias é uma área-chave para a conectividade da paisagem no Grande Vale do Côa. Aqui, a Rewilding Portugal está a implementar acções de restauro ecológico para tornar o Grande Vale do Côa num lugar onde processos naturais e cadeias tróficas completas desempenham papéis fundamentais na paisagem.
Acompanhando a margem oeste do Rio Côa, o Ermo das Águias marca uma transição importante na paisagem do vale fluvial: aqui terminam os declives suaves que ladearam o rio desde a nascente, e começam as fragas e escarpas agrestes que o encaminharão até à sua foz, no rio Douro. Os matos e a rocha nua dominam a paisagem, em parte devido às condições do solo, mas também ao impacto do fogo e da pastorícia nos últimos séculos.
No entanto, o processo de renaturalização é já evidente nos bosquetes de carvalho-negral, e nas pequenas azinheiras e sobreiros que surgem entre os seus parentes seculares de grande porte.
Ao longo das linhas de escorrência de água, os prados húmidos recuperam a sua diversidade florística, anteriormente suprimida pela intensidade do pastoreio, que se concentrava nestes locais de maior produtividade. As encostas são regularmente sobrevoadas por algumas das aves mais emblemáticas da região, como a águia-real, a cegonha-preta e o grifo, e as ruínas de um antigo fojo, uma estrutura em pedra utilizada para caçar lobo-ibérico, atestam a presença ancestral deste predador nestas terras.
Realizou-se também a introdução de uma manada de cavalos Sorraia, em regime semisselvagem, com o objetivo de replicar o extinto papel ecológico do cavalo selvagem.